A Crise da Masculinidade

A Crise da Masculinidade

O que torna um homem um modelo a ser seguido ? Que qualidades pode apresentar um homem que demonstram as suas aspirações ?

Nos dias que correm a nobreza de carácter não parece ser o factor chave nas figuras que são mais celebradas pelo mundo inteiro. A nossa sociedade dá mais atenção ao indigente moral célebre pelas sacadas narcísicas do que ao guerreiro, ao santo, ao patriarca que dedicaram a sua vida a um propósito e aspirações manifestamente superiores.

É frequente vermos ser objeto de atenção o homem vaidoso, efeminado, narcísico e corrupto até. O facto de serem estas as referências que temos na cultura moderna diz muito da sociedade em que vivemos. É importante notar que nós somos como espelhos que refletem aquilo que reverenciamos, isto é, vamo-nos tornando mais parecidos com o objeto da nossa admiração. É nosso instinto tentar imitar aquilo que admiramos, portanto isto é um grave problema quando admiramos as coisas erradas.

Pode parecer contraintuitivo mas por vezes as coisas mais admiráveis na vida são na verdade as mais simples. Prestemos atenção ao que nos diz o auto G.K Chesterton a este propósito.

Gilbert K. Chesterton quote: The most extraordinary thing in the world is  an ordinary...

Há algo de magnificamente sóbrio no pai de família que não procura atenção e se dedica exclusivamente ao seu dever. Esta figura é, por hora, demonizada tantas e tantas vezes, sendo frequentemente apresentado como sendo o mandatário de uma cultura misógina e machista.

Estou convencido que enquanto a figura de pai de família não for devidamente reabilitada, dificilmente teremos um ressurgimento de famílias propriamente ordenadas. É importante notar aqui um ponto, este pai de família deve ser alguém capaz de colocar os interesses da família primeiro que os seus interesses individuais. Deve ser alguém que não viva no relativismo moral, mas sim um homem de fé, algo que está em vias de extinção no ocidente e em particular em Portugal. Este homem deve ser o porto de abrigo para a sua família, alguém disposto a travar o bom combate, e será sempre portanto um defensor acérrimo da verdade. Não será naturalmente alguém obcecado com a sua própria imagem, mas sim um homem desejavelmente forte quer em termos físicos, tendo zelo na forma como se exercita, quer em termos mentais, sendo uma pessoa capaz mas com autocontrolo. Deve também ser um homem com uma vida intelectual, isto é, alguém que nutre interesse pelo legado que lhe foi confiado e procura aprender sobre o mesmo. Muitos homens antes de si fizeram sacrifícios para que o homem da atualidade usufrua dos mais variados benefícios.

A atualidade oferece-nos por vezes a promoção de algumas destas facetas, algo que seria desejável e bom, contudo com algumas distorções. Há homens fortes, capazes de feitos atléticos ímpares, que se cultivam nesse domínio mas pelas razões erradas. Por vezes o imperativo moral que os guia é a vaidade, sendo que esse trabalho físico que fazem conspira para consolidar o seu narcisismo.

Outros há com uma determinação inabalável, algo louvável quando usada para os fins próprios. Esta determinação não deve ser usada para a procura de grandes riquezas como um fim em si mesmas, nem como um isco usado para o oportunismo sexual com as mulheres.

Poderíamos também dar como exemplo, homens com uma prodigiosa inteligência mas que, não a tendo devidamente orientada, a usam para manipular e corromper o discurso público não olhando a meios para atingir os fins.

Um factor chave que dificulta a formação de mais homens com este tipo de espinha dorsal é uma certa apropriação da linguagem que tem existido no discurso público que procura rotular quem ousa desafiar este status quo. Termos como “negacionista”, “radical”, “fascista”, “fundamentalista”, “ultranacionalista” entre outros, são constantemente atirados remetendo o homem para uma falsa conclusão:

“ Tu não podes defender nada, nem ter certeza de nada”.

Outra ferramenta importante nesta desconstrução é o apelo ao vício. Sendo através da pornografia, da comida ultra-processada ou de uma vida de conforto , há claramente um incentivo ao hedonismo e à autoindulgência. Procura-se alimentar cada vez mais esta busca do prazer com o fim último, e por conseguinte a coragem, o sacrifício e o trabalho, como pedras angulares da construção do carácter do homem ficam para segundo plano.

O cavalheirismo ficou-se apenas pelas aparências. Por vezes, há um verniz de algumas das propriedades que descrevi em várias situações, contudo não passa de uma máscara. É fácil segurar uma porta para uma senhora e dizer “com licença”, “por favor”, para se mostrar alguém educado quando o custo para o fazer é mínimo. Difícil é estar disposto a fazer sacríficos em que nos doamos inteiramente pelos outros, no entanto é isso que é pedido ao homem. Doando-se encontrará o seu verdadeiro propósito.

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